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BETHÂNIA – UMA NOVA FORMA DE TRABALHAR A DEPENDÊNCIA QUÍMICA





Foto: Teresa Cristina Montes Cunha
Daniel Amaral, coordenador da Comunidade de Bethânia em Uberlândia.


Foto: Teresa Cristina Montes Cunha


Ulisses e Rejane, estão no discipulado, o processo que antecede a serem membros consagrados.





Foto: Teresa Cristina Montes Cunha
Valdir e Andressa, estão no discipulado, que é processo para se tornarem consagrados.





 Foto: Teresa Cristina Montes Cunha

 Foto: Teresa Cristina Montes Cunha


Foto: Teresa Cristina Montes Cunha


A Comunidade Bethânia, nos recebeu, no último domingo, 17 de março, às 14h, horário de visitas, para explicar o que vem a ser o projeto “Comunidade Bethânia”.

Situada na zona rural de Uberlândia, a equipe foi recebida por Daniel Amaral, consagrado da comunidade de Bethânia, que tem a função de formador geral da comunidade, responsável pela formação de todos os consagrados, de “vida e aliança” de Bethânia. Amaral relatou a história, desde da primeira comunidade fundada até a vinda de uma “célula” também para Uberlândia.



A História da Comunidade Bethânia

A história da comunidade Bethânia começou no dia 14 de março de 1995, data de fundação da comunidade. A inauguração foi dia 12 de outubro de 1995, na cidade de São João Bastista, no estado de Santa Catarina.

O Padre Léo, na época era diretor de um colégio em Brusque (SC), que é próxima a cidade de São João Batista (SC), realizava missas no Colégio Espírito Santo, numa pequena capelinha. Foi nesta capela que ele manifestou o desejo que tinha no seu coração de poder iniciar uma obra que pudesse acolher as pessoas, principalmente os mais marginalizados na dependência química, os prostituídos e demais pessoas que necessitassem.



Uma mulher se interessou por essa motivação e apresentou ao Padre Léo um senhor que tinha um terreno na cidade de São João Batista, que poderia ser doado. A partir daí receberam a doação do terreno e então foi dado o início as obras.



Parceria entre Comunidade Bethânia e Comunidade Canção Nova

A amizade entre os fundadores das duas comunidades, Padre Léo, da comunidade Bethânia, e, Monsenhor Jonas Abib, da Canção Nova, iniciou há muitos anos. O Monsenhor, conhecendo um pouco do ministério de pregação do Padre Léo, convidou-o para pregar nos retiros da Canção Nova.  Abib certa ocasião afirmou que não sabia dizer se Bethânia estava dentro da Canção Nova ou a Canção Nova estava dentro de Bethânia.

Além da ligação afetiva entre as comunidades, a Canção Nova, dentro do seu carisma, ajuda através dos meios de comunicação, divulgando o carisma de Bethânia, que é o acolhimento uma experiência nova no coração de cada acolhido.



Bethânia em outros países

Ainda não existe comunidade Bethânia fora do país. A missão é grande. Segundo Daniel Amaral, a comunidade recebeu vários convites, de Portugal, da Espanha, dos Bispos da Europa toda, pedindo a presença de Bethânia naquelas terras. Mas,  atualmente, os membros consagrados ainda não são suficientes para serem enviados em missão para o exterior.


Bethânia no Brasil

Hoje, as casas de Bethânia no Brasil, são 7 A “sede mãe” fica em São João Batista, em Santa Catarina. No Paraná, são 3 casas, em Curitiba, que é a capital, Guarapuava e Irati. No Rio de Janeiro, nas cidades de Itaperuna e Italva. No estado de São Paulo na cidade de Lorena. Em Minas Gerais, a mais nova casa, em Uberlândia.


Bethânia em Uberlândia

A fundação da casa em Uberlândia só foi possível graças a doação do terreno por um casal de cristãos, católicos. O casal já tinha o desejo da doação em seu coração, mas foi depois de muita procura que encontraram a resposta, conhecendo o trabalho da comunidade Bethânia.

O casal enviou e-mail para a comunidade e depois de alguns meses veio uma equipe conhecer o local a ser doado.

Segundo Daniel, após a doação concreta do terreno, a iniciação dos trabalhos teve início, e então foram enviados os primeiros membros para poderem dar início  a comunidade de Bethânia em Uberlândia.


Comunidade de “Vida” e Comunidade de “Aliança”

A comunidade Bethânia é formada pela Comunidade de Vida e pela comunidade de Aliança. São duas realidades distintas. Na verdade as duas têm a mesma finalidade. Dentro da comunidade, a comunidade vida, foi a que nasceu primeiro. São consagrados, homens e mulheres, também padres, religiosos, que desejavam viver em comunidade, doando toda sua vida. Vivendo e residindo dentro de um  dos recantos de missão.

Uberlândia não poderia ser diferente.  Os consagrados daqui deixaram tudo, suas terras, sua profissão, seus familiares, e foram viver plenamente dentro da chamada “casa”, que é um conjunto de residências próximas umas às outras. Esses são chamados de consagrados de “vida”.

Os consagrados de Aliança surgiram após o falecimento do fundador, Padre Léo. Teve início em 2006. Já existiam alguns membros, mas ainda não tinha dado um formato concreto.

Amigos e benfeitores se dispuseram a partilhar algo mais, compartilhando nosso carisma. Eram homens e mulheres, casais, que queriam viver a espiritualidade, o carisma de Bethânia, porém, não queriam deixar o seu trabalho, sua residência, a sua família. A partir daí surgiu a Comunidade de “Aliança”. 


Atualmente, a comunidade Bethânia, de acordo com Amaral, possui 28 consagrados de vida, 4 padres, onde o Padre Vicente,  é o atual superior, coordenador geral da comunidade; Padre André, que é o vice-presidente; Padre Lúcio, que é o tesoureiro e administrador da comunidade; e também o Padre Djalma, que já está a 4 anos morando dentro da comunidade. Os consagrados de “Aliança” são 21. Em torno, toda a Comunidade tem 50 membros ao total, afirma Daniel.


Objetivo da Comunidade Bethânia

A comunidade tem como objetivo geral, acolher todas as pessoas, especialmente os “filhos e filhas”, maneira carinhosa que os membros chamam aos acolhidos, que são vítimas da dependência química, que estão na prostituição, os marginalizados de forma geral. A partir do acolhimento, é feito um acompanhamos dessas pessoas. Respeitando a sua  realidade, elas são conduzidas a resgatar, a restaurar suas vidas. Segundo Amaral: “O carisma da comunidade é acolher a todos que a procurarem. De sermos um canal, um sinal de Deus, restaurando e resgatando a vida de cada um”.

O tratamento em Bethânia

Daniel Amaral deixa bem claro que a Comunidade Bethânia não é um centro de recuperação, casa terapêutica ou clínica.

Bethânia trabalha com “acolhimento”. Através de uma nova maneira de encarar a vida, essas pessoas são direcionadas a buscarem seu processo de recuperação. Bethânia não tem muros ou cercas. A primeira exigência para que as pessoas sejam aceitas na comunidade é virem por sua própria vontade. Se na ocasião do pedido de acolhimento a comunidade tiver vaga, serão aceitos imediatamente. A partir do momento que a pessoa entra para a comunidade, ela é colocada a par da realidade da comunidade, seus valores e normas internas, que devem ser seguidas pelo novo membro.



Como é  o dia-a-dia da Comunidade

O dia-a-dia do recanto, em todas as comunidades, seguem horários pré-estabelecidos. Quando o primeiro “filho ou filha”, for acolhido pela comunidade, será colocado para ele ou ela as regras internas. A comunidade tem o horário para acordar, tem o horário para as refeições, tem o horário para o trabalho, tem o horário para as orações, tem o horário para nossas partilhas, tem o horário para irem dormir. Tudo no seu determinado tempo. Todos que quiserem partilhar do convívio na comunidade têm que estar a par desses horários, explica Amaral.

Exemplificando, o coordenador fala que no dia de domingo é o dia de visitas à comunidade. O horário será entre 14 as 17h. Somente neste dia é que serão aceitas visitas, salienta Daniel.

É um dia especial, principalmente para os filhos e filhas que chegaram para se recuperar, porque, alguns deles não terão familiares nas proximidades, dificultando as visitas desses conhecidos. Então a presença de visitas, mesmo que sejam de pessoas desconhecidas, trará alento, trará um abraço, uma palavra, e será o momento de muitos se fazerem canal de Deus e mudar a semana daqueles filhos e filhas.



O processo de restauração

O processo de restauração vai além disciplina e horários. São 3 pilares que sustentam o processo. O primeiro, na área física. Os acolhidos chegam totalmente destruídos, não tem horários definidos, trocam a noite pelo dia, não se alimentam corretamente, as vezes alguns não tomam nem banho. Não cuidam de sua higiene pessoal.


Dentro desse primeiro pilar está o trabalho. Vão cuidar do jardim, dos animais, enfim, de todas atividades do recanto. No trabalho a pessoa estará ajudando aos outros e a si mesmo.

Ainda contemplando a área física, a alimentação terá os horários corretos. Alimentação em Bethânia é escolhida porque como eles estão vindo para desintoxicar, devido a dependência de toxinas da droga, o corpo necessita de uma alimentação correta. Essa alimentação precisa ser sem conservantes. Devido a eessa adaptação,  o filho e filha não saem de visita antes dos 5 meses de convivência. É necessário esse tempo de adaptação. Bethânia é um novo estilo de vida. Lembra Daniel Amaral.



O segundo pilar é na área psicoafetiva, que está ligada aos nossos relacionamentos, Por isso a necessidade de viverem em comunidade, homens, mulheres, famílias. A dependência química provoca uma desestrutura familiar. Nesse contexto, o problema da dependência química fica em segundo plano. É como se fosse o “pico do iceberg”, compara Amaral.


O problema maior está situado em outras esferas, a dependência química as vezes é uma fuga, uma busca desenfreada por muitas coisas, muitas coisas que motivaram lá no fundo, a desestrutura da família, o desejo da aproximação do pai e da mãe. Todas as atividades da comunidade costumam ser em grupo, evitando o isolamento. A luta interior das pessoas que querem sair da antiga vida é grande, e estando junto com outras pessoas, no caso, os consagrados, a troca de experiências, as orientações, fortalecem os vínculos a cada dia, trabalhando as realidades interiores de cada um. Com amor e atenção, buscando preencher as lacunas dos corações dessas pessoas com a afetividade que está ali ausente.

Segundo Amaral, essa afetividade é exercitada durante todo o dia, e o primeiro gesto concreto é quando todos acordam na comunidade. Neste momento se abraçam. O abraço transmite algo que as palavras não conseguem expressar. A comunidade se abraça quando acorda e quando vão dormir. Os encontros acontecem pelo menos 3 vezes ao dia, em comunidade. No café da manhã, na hora do almoço e no jantar. Existe também um momento de partilha do dia, a noite.


O último pilar, é na área espiritual.


O ser humano é formado nessas três áreas, física, psicoafetiva e espiritual. De acordo com Daniel,  “Nós não isolamos nenhuma delas, mas trabalhamos todas elas em conjunto, todo dia na nossa comunidade, nós temos também horários de oração, nós acordamos de manhã, fazemos nossa higiene pessoal, e depois nos reunimos em oração comunitária.”


O coordenador explica que fazem a partilha da liturgia do dia, escolhem uma passagem bíblica que é sempre conduzida por um de seus vocacionados, consagrados da comunidade, onde todos participam, rezam uns pelos outros. 


Também há um momento de adoração ao santíssimo sacramento. Os filhos e filhas serão educados de acordo com a educação catequética. A partir desse conhecimento, eles conhecerão o único que é capaz de ajudar cada um deles a mudar o rumo da sua história de vida – Jesus. Sem Jesus tudo está perdido. 


“Precisamos dar o essencial aos nossos filhos, Jesus. Essa é a nossa grande missão em comunidade”. Salienta Daniel.


Existe um momento especial, o da celebração, quando a comunidade tem a presença de um padre. Isso ocorre semanalmente, aos domingos, onde todos participam. Eventualmente, durante a semana, alguns padres, das paróquias próximas, também celebram. 


“A comunidade ensina seus filhos e filhas a rezarem. E orientados nas três áreas, física, psicoafetiva e espiritual, o caminhos para o processo de  restauração vai sendo trilhado”. Completa Daniel Amaral.



O Recanto de Uberlândia – como ajudar

O “recanto” de Uberlândia, nome também usual de cada comunidade, já está em funcionamento há 3 meses, desde 14 de Janeiro deste ano.  


O desafio da “casa” de Uberlândia é construir e reformar os espaços existentes para poder receber os primeiros acolhidos.

Como a comunidade Bethânia, vive de doações, é preciso fazer um trabalho de conscientização e sensibilização para que chegue aos corações dos futuros doadores a necessidade e da ajuda financeira. “Nós dizemos uma coisa importante na nossa realidade de missão - Deus tem pressa e nosso filhas e filhos tem urgência”. Afirma Daniel Amaral.


Um dos critérios para a fundação da Comunidade Bethânia é ter o envolvimento da comunidade local concretamente com essa obra.

Daniel explica que, devido ainda estarem no processo de tramitação de papéis para formalizar a Comunidade juridicamente, processo esse que é normalmente demorado, .não tem como abrir conta em banco. É necessário o CNPJ, que ainda vai tramitar por alguns meses para ficar concluído. Se caso alguém se disponibilize a ajudar, entrar em contato no Recanto Uberlândia, que fica próximo a Tenda dos Morenos, na Fazenda Nossa Senhora Abadia, na zona rural de Uberlândia (MG), celulares de contato  (34) 9643-6886 ou (34) 9644-6886, pelo e-mail  uberlandia@bethania.com.br, falar com Daniel ou Carla.


“todo mundo tem um pouco para dar, ninguém pode dizer - eu não tenho como ajudar. O pouco de cada um se soma, e se torna algo grande. Com o pouco que você pode dar nós podemos construir um sonho, e podemos salvar muitas, e muitas vidas. Você com sua oração, com seu desejo também. Precisamos somar forças. Nesse grande projeto do reino de Deus, nada se faz sozinho. Precisamos nos unir como igreja, nos unir como comunidade de fé, e aí sim, unidos, nós podemos construir sim, essa grande obra de Deus, que já está no coração Deus - o recanto de Uberlândia.” Conclui Daniel.


Obs- Essa matéria foi feita em 2013. Muita coisa avançou e agora a comunidade já tem acolhido poucos membros e precisa ampliar suas instalações. Ajude Bethãnia - saiba mais em FACEBOOK RECANTO BETHÂNIA UBERLÂNDIA E SITE SITE GERAL DA COMUNIDADE




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