Entrevista com a participação do músico aposentado Ronaldo Nocera, araguarino que reside hoje em Uberlândia, que fez parte da história de Araguari, sendo um dos responsáveis pela orquestra do famoso Clube Cairo de Araguari (1952 a 1962). Que teve como administrador e proprietário o casal João Rugiardine e sua esposa Cristina.
Teresa Cristina: Nocera como você se tornou músico?
Nocera: Eu entrei na música por intermédio do meu pai, que era músico, chamava-se José Nocera. Era violinista, tocava bem, ele e minha mãe eram argentinos.
Então vem daí minha musicalidade. Depois de tocar muitos anos profissionalmente, eu resolvi concretizar meus estudos no conservatório, pegando então meu diploma para ser um músico habilitado. Foi quando vim para Uberlândia estudar no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli.
Teresa Cristina: Sua mãe também era música?
Nocera: Não. Minha mãe faleceu quando eu era bem pequeno. Não tenho lembranças dela, infelizmente.
Teresa Cristina: Nocera, você e seu pai trabalharam em quais clubes em Araguari?
Nocera: Meu pai sempre tocou no Clube Recreativo Araguari. Eu fui convidado para ser músico no Cairo. Eu fiz parte do Clube Cairo, desde sua inauguração. Era um clube particular, propriedade do Sr. João Rugiardine e sua esposa Cristina. O nome Cairo foi uma homenagem aos muitos árabes e descendentes que moravam em Araguari. Foi inaugurado 27 de setembro de 1952. Eu toquei lá muitos anos.
Teresa Cristina: Quais festas o Clube Cairo promovia?
Nocera: Todas festas tradicionais. Primeiro o carnaval, depois os bailões de férias, as festas juninas, o baile da primavera em setembro, onde os homens e mulheres todos de branco, e imperava as valsas vienenses, valsas bonitas, valsas rodadas, também os boleros, fox e alguns famosos samba canção:
A música Nervos de Aço de Lupicínio Rodrigues “...você sabe o que é ter um amor meu senhor, ter loucura por uma mulher, e depois encontrar esse amor meu senhor, ao lado de um outro qualquer”... .
Veja o vídeo abaixo, com imagens de Lupicínio Rodrigues na voz de Paulinho da Viola:
A música Perfídia em Espanhol : Mujer, si puedes tu con Dios hablar, preguntale si yo alguna vez te he dejado de adorar”...
Veja o vídeo abaixo com Javier Solis:
As valsas mexicanas como Maria Bonita de Agustin Lara: Acuérdate de Acapulco, de aquellas noches, María bonita, María del alma. Acuérdate que en la playa con tus manitas las estrellitas las enjuagabas...
Video com Agustin Lara:
E a última festa do ano fechava com o réveillon.
Teresa Cristina: Como era escolhido o repertório do Cairo?
Nocera: O repertório era de minha responsabilidade. Naquele tempo, as músicas eram as tradicionais dos “Anos Dourados”. Tínhamos muito mambo Perez Prado
Ver o video abaixo com um mambo de Perez Prado:
Também tinha samba exaltação, boleros, músicas do Chico Alves, músicas que faziam parte daquele repertório. Músicas atuais e antigas daquele tempo. Tinha Fox Americano, temas de filmes, pois não havia novela naquele tempo. E tango não podia faltar. No carnaval as marchas e algum frevo. Lembrando as marchas rancho:
A música Pastorinhas de Noel Rosa e João de Barro: “A estrela Dalva, no céu desponta”, “bandeira branca amor...”.
A música Máscara Negra, marchinha de carnaval de Zé Keti-Pereira Mattos “quanto riso, ó quanta alegria.
As marchas ranchos vinham para dar uma desacelerada na festa, uma maneirada no ritmo, uma reabastecida.
Algumas marchinhas cantadas por Raul Seixas e Wanderléa:
Teresa Cristina: Como era o carnaval no Cairo?
Nocera: O Carnaval no Cairo era maravilhoso porque ainda era liberado o lança perfume. Depois que se começou a cheirar de fato o lança perfume, que o mesmo foi proibido. Mas quando o lança perfume, era somente jogado nas pessoas e no salão, as mulheres se fantasiavam com seus decotes e os homens brincavam com o lança perfume, para jogar nas mulheres. E o salão então ia ficando inebriado de lança perfume, ia criando uma atmosfera. Ficávamos todos num “Estado Ébrio Festivo”. Não tinha maldade. Perfumar as mulheres que era o foco do carnaval.
Veja marchinhas de carnaval com Emilinha Borba:
Teresa Cristina: Nocera, você lembra o nome dos músicos que tocavam junto com o senhor no Cairo?
Nocera: Posso esquecer-me de alguém e peço já desculpas, mas me lembro do Walter Sopranzetti, Valtinho Japonês, o baterista; no violão, Luiz (Luizinho) Gertrudes, ele foi para São Paulo e no violão entrou o Dalmir Amaral.
No contrabaixo era o Osvaldo Machado, tinha o Abéri, tinha o trancinha que era funcionário da rede ferroviária, depois foi para os correios, morreu cantando num clube, Uniapa, era vocalista.
No Sopro fazia parte o José Conceição, o famoso “Zé do Prata”(Trompete), Lázaro Camilo (Trompete), Helinho do Trombone, Pedrinho também no trombone (Pedro Medeiros Rocha). Depois no saxofone Ronaldo Nocera, Amaury Gomes, Chiquinho, Fernando Preto (Fernando Martins).
Cantores eram Pedro Paulo, Maria do Carmo Nonato (excelente imitadora de Ângela Maria) Também a cantora Marilda Terra de Deus (Também excelente imitadora de Ângela Maria, era de Ipameri, e seu avô era muito conhecido em Araguari como João Baiano) e o Claúdio (violino).
Teresa Cristina: Qual a freqüência que a boate abria suas portas?
Nocera: Nós ensaiávamos duas vezes por semana, mas o Cairo abria todas as noites, porque ali havia escola de dança, com grandes professores. O professor Naim Sauanda que ensinou passos variados de tango criativos. Também professor Marinho Açougueiro, e outros professores que não me lembro o nome no momento. Posso citar alguns casais que dançavam na época, Nodom e a esposa Cleide.
Veja um tango "La Cumparsita" com a participação dos dançarinos Juan Carlos Copes and Cecilia Narova:
Então o Cairo funcionava a semana inteira. E aos fins de semana os tradicionais bailes de sábado a noite que eram com música ao vivo, no domingo a tarde, as matinês, que eram com som mecânico. E aos domingos a noite eram com música ao vivo. Era um clube que não fechava.
Um detalhe que lembrei, o Juscelino Kubitschek, nosso ex-presidente do Brasil, dançou muito ao som de minha música no Cairo. Era um “pé de valsa” tremendo. Um homem espetacular. Era um homem que se dava bem com todo mundo.
Um outro momento que estou lembrando tem como figura o nosso amigo Mário Nunes. Sempre foi muito brincalhão, comunicativo, jornalista, e ele tinha uma mania, uma brincadeira, de ir conversando com você e com uma só mão ele desabotoava toda sua camisa. E ele desabotoou a camisa do Juscelino. Essa brincadeira era só com os homens, ele era um homem muito respeitoso.
Teresa Cristina: Como eram as ornamentações festivas?
Nocera: Sr. João rugiadine era muito criativo e idealista. Ele investia nos instrumentos e no clube. As ornamentações eram bonitas, contudo com simplicidade. Lembro-me de uma festa havaiana, onde ele colocou muito bambu-jardim, com flores enfeitando. Tinham uns papagaios e ornamentava todas colunas do salão. Ficou muito bonita a decoração.
Teresa Cristina: O Cairo promoveu alguma miss?
Nocera: Sr. João Rugiadine promovia concurso de miss. Antes dele montar o Cairo ele era diretor social do Clube Recreativo Araguarino. Ele tinha um capricho especial nos concursos de miss. Haviam carros alegóricos que eram usados para o desfile das moças concorrentes, moças muito bonitas. Em determinada época, Sr. Rugiardine começou a promover a miss Triângulo Mineiro. Então eram feitas eliminatórias com festas em Uberaba, Uberlândia e Araxá. Uma festa bonita que lembro foi em Araxá, Sr. João foi para lá mais cedo, preparou os carros alegóricos e desfilaram com as moças na cidade de Araxá. Os carros alegóricos eram luxuosamente enfeitados.
Teresa Cristina: Personalidades que freqüentaram o Cairo além do presidente Juscelino.
Nocera: Até Marta Rocha era uma freqüentadora de Araguari, e com certeza também foi ao Cairo. Eu conheci a Marta Rocha, muito bonita e comunicativa. Era assim com todas as pessoas que se aproximavam.
Teresa Cristina: De onde vinham as partituras do conjunto?
Nocera: Vinham da Editora Irmãos Vitale. Eles tinham os direitos de comercializar essas orquestrações de músicas no mundo todo. Nós mantínhamos assinatura anual e todo mês recebíamos aquele “pacote” entre 12 a 15 músicas, de acordo com as novas composições daquela época. Também havia o resgate de músicas antigas que eles faziam as orquestrações e mandavam uma partitura para cada instrumento, então vinha partitura para toda a orquestra: bateria, contrabaixo, guitarra, piano, saxofone, trompete, violão, etc. Era só distribuir, ensaiar e tocar.
Teresa Cristina: Concluindo a entrevista, o Clube Cairo representou para os cidadãos de Araguari, um espaço que ao mesmo tempo era político, social, familiar, de lazer e onde muitas pessoas guardam boas lembranças. O lugar era um lugar “iluminado” como disse meu amigo Nocera. O lugar era para a finalidade de dança, não havia maldade nenhuma. E para quem não sabia dançar tinham as aulas de dança de salão de segunda a sexta a noite no Cairo. O tango era o preferido das aulas. Com certeza fez parte da história de muitos araguarinos que guardam com saudade a lembranças de suas festas alegres e saudáveis. Agradeço as preciosas informações e lembranças que o meu amigo, professor e músico admirável, Ronaldo Nocera, que compartilhou conosco nessa entrevista todas essas boas recordações.
Lembramos que dois netos de Nocera herdaram sua musicalidade, Ricardo Nocera, que é saxofonista e Rafael Nocera, saxofonista, que é filho de Ronaldo Ivo Nocera..
Fica aqui o convite para as pessoas que vivenciaram esta época, que tenham fotos e recordações, registrem aqui neste espaço, para podermos enriquecer nossa história.
Sendo só, agradeço a todos.
Teresa Cristina de Paiva Montes Cunha
Pesquisadora
Teresa Cristina: Nocera como você se tornou músico?
Nocera: Eu entrei na música por intermédio do meu pai, que era músico, chamava-se José Nocera. Era violinista, tocava bem, ele e minha mãe eram argentinos.
Então vem daí minha musicalidade. Depois de tocar muitos anos profissionalmente, eu resolvi concretizar meus estudos no conservatório, pegando então meu diploma para ser um músico habilitado. Foi quando vim para Uberlândia estudar no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli.
Teresa Cristina: Sua mãe também era música?
Nocera: Não. Minha mãe faleceu quando eu era bem pequeno. Não tenho lembranças dela, infelizmente.
Teresa Cristina: Nocera, você e seu pai trabalharam em quais clubes em Araguari?
Nocera: Meu pai sempre tocou no Clube Recreativo Araguari. Eu fui convidado para ser músico no Cairo. Eu fiz parte do Clube Cairo, desde sua inauguração. Era um clube particular, propriedade do Sr. João Rugiardine e sua esposa Cristina. O nome Cairo foi uma homenagem aos muitos árabes e descendentes que moravam em Araguari. Foi inaugurado 27 de setembro de 1952. Eu toquei lá muitos anos.
Teresa Cristina: Quais festas o Clube Cairo promovia?
Nocera: Todas festas tradicionais. Primeiro o carnaval, depois os bailões de férias, as festas juninas, o baile da primavera em setembro, onde os homens e mulheres todos de branco, e imperava as valsas vienenses, valsas bonitas, valsas rodadas, também os boleros, fox e alguns famosos samba canção:
A música Nervos de Aço de Lupicínio Rodrigues “...você sabe o que é ter um amor meu senhor, ter loucura por uma mulher, e depois encontrar esse amor meu senhor, ao lado de um outro qualquer”... .
Veja o vídeo abaixo, com imagens de Lupicínio Rodrigues na voz de Paulinho da Viola:
A música Perfídia em Espanhol : Mujer, si puedes tu con Dios hablar, preguntale si yo alguna vez te he dejado de adorar”...
Veja o vídeo abaixo com Javier Solis:
As valsas mexicanas como Maria Bonita de Agustin Lara: Acuérdate de Acapulco, de aquellas noches, María bonita, María del alma. Acuérdate que en la playa con tus manitas las estrellitas las enjuagabas...
Video com Agustin Lara:
E a última festa do ano fechava com o réveillon.
Teresa Cristina: Como era escolhido o repertório do Cairo?
Nocera: O repertório era de minha responsabilidade. Naquele tempo, as músicas eram as tradicionais dos “Anos Dourados”. Tínhamos muito mambo Perez Prado
Ver o video abaixo com um mambo de Perez Prado:
Também tinha samba exaltação, boleros, músicas do Chico Alves, músicas que faziam parte daquele repertório. Músicas atuais e antigas daquele tempo. Tinha Fox Americano, temas de filmes, pois não havia novela naquele tempo. E tango não podia faltar. No carnaval as marchas e algum frevo. Lembrando as marchas rancho:
A música Pastorinhas de Noel Rosa e João de Barro: “A estrela Dalva, no céu desponta”, “bandeira branca amor...”.
A música Máscara Negra, marchinha de carnaval de Zé Keti-Pereira Mattos “quanto riso, ó quanta alegria.
As marchas ranchos vinham para dar uma desacelerada na festa, uma maneirada no ritmo, uma reabastecida.
Algumas marchinhas cantadas por Raul Seixas e Wanderléa:
Teresa Cristina: Como era o carnaval no Cairo?
Nocera: O Carnaval no Cairo era maravilhoso porque ainda era liberado o lança perfume. Depois que se começou a cheirar de fato o lança perfume, que o mesmo foi proibido. Mas quando o lança perfume, era somente jogado nas pessoas e no salão, as mulheres se fantasiavam com seus decotes e os homens brincavam com o lança perfume, para jogar nas mulheres. E o salão então ia ficando inebriado de lança perfume, ia criando uma atmosfera. Ficávamos todos num “Estado Ébrio Festivo”. Não tinha maldade. Perfumar as mulheres que era o foco do carnaval.
Veja marchinhas de carnaval com Emilinha Borba:
Teresa Cristina: Nocera, você lembra o nome dos músicos que tocavam junto com o senhor no Cairo?
Nocera: Posso esquecer-me de alguém e peço já desculpas, mas me lembro do Walter Sopranzetti, Valtinho Japonês, o baterista; no violão, Luiz (Luizinho) Gertrudes, ele foi para São Paulo e no violão entrou o Dalmir Amaral.
No contrabaixo era o Osvaldo Machado, tinha o Abéri, tinha o trancinha que era funcionário da rede ferroviária, depois foi para os correios, morreu cantando num clube, Uniapa, era vocalista.
No Sopro fazia parte o José Conceição, o famoso “Zé do Prata”(Trompete), Lázaro Camilo (Trompete), Helinho do Trombone, Pedrinho também no trombone (Pedro Medeiros Rocha). Depois no saxofone Ronaldo Nocera, Amaury Gomes, Chiquinho, Fernando Preto (Fernando Martins).
Cantores eram Pedro Paulo, Maria do Carmo Nonato (excelente imitadora de Ângela Maria) Também a cantora Marilda Terra de Deus (Também excelente imitadora de Ângela Maria, era de Ipameri, e seu avô era muito conhecido em Araguari como João Baiano) e o Claúdio (violino).
Teresa Cristina: Qual a freqüência que a boate abria suas portas?
Nocera: Nós ensaiávamos duas vezes por semana, mas o Cairo abria todas as noites, porque ali havia escola de dança, com grandes professores. O professor Naim Sauanda que ensinou passos variados de tango criativos. Também professor Marinho Açougueiro, e outros professores que não me lembro o nome no momento. Posso citar alguns casais que dançavam na época, Nodom e a esposa Cleide.
Veja um tango "La Cumparsita" com a participação dos dançarinos Juan Carlos Copes and Cecilia Narova:
Então o Cairo funcionava a semana inteira. E aos fins de semana os tradicionais bailes de sábado a noite que eram com música ao vivo, no domingo a tarde, as matinês, que eram com som mecânico. E aos domingos a noite eram com música ao vivo. Era um clube que não fechava.
Um detalhe que lembrei, o Juscelino Kubitschek, nosso ex-presidente do Brasil, dançou muito ao som de minha música no Cairo. Era um “pé de valsa” tremendo. Um homem espetacular. Era um homem que se dava bem com todo mundo.
Um outro momento que estou lembrando tem como figura o nosso amigo Mário Nunes. Sempre foi muito brincalhão, comunicativo, jornalista, e ele tinha uma mania, uma brincadeira, de ir conversando com você e com uma só mão ele desabotoava toda sua camisa. E ele desabotoou a camisa do Juscelino. Essa brincadeira era só com os homens, ele era um homem muito respeitoso.
Teresa Cristina: Como eram as ornamentações festivas?
Nocera: Sr. João rugiadine era muito criativo e idealista. Ele investia nos instrumentos e no clube. As ornamentações eram bonitas, contudo com simplicidade. Lembro-me de uma festa havaiana, onde ele colocou muito bambu-jardim, com flores enfeitando. Tinham uns papagaios e ornamentava todas colunas do salão. Ficou muito bonita a decoração.
Teresa Cristina: O Cairo promoveu alguma miss?
Nocera: Sr. João Rugiadine promovia concurso de miss. Antes dele montar o Cairo ele era diretor social do Clube Recreativo Araguarino. Ele tinha um capricho especial nos concursos de miss. Haviam carros alegóricos que eram usados para o desfile das moças concorrentes, moças muito bonitas. Em determinada época, Sr. Rugiardine começou a promover a miss Triângulo Mineiro. Então eram feitas eliminatórias com festas em Uberaba, Uberlândia e Araxá. Uma festa bonita que lembro foi em Araxá, Sr. João foi para lá mais cedo, preparou os carros alegóricos e desfilaram com as moças na cidade de Araxá. Os carros alegóricos eram luxuosamente enfeitados.
Teresa Cristina: Personalidades que freqüentaram o Cairo além do presidente Juscelino.
Nocera: Até Marta Rocha era uma freqüentadora de Araguari, e com certeza também foi ao Cairo. Eu conheci a Marta Rocha, muito bonita e comunicativa. Era assim com todas as pessoas que se aproximavam.
Teresa Cristina: De onde vinham as partituras do conjunto?
Nocera: Vinham da Editora Irmãos Vitale. Eles tinham os direitos de comercializar essas orquestrações de músicas no mundo todo. Nós mantínhamos assinatura anual e todo mês recebíamos aquele “pacote” entre 12 a 15 músicas, de acordo com as novas composições daquela época. Também havia o resgate de músicas antigas que eles faziam as orquestrações e mandavam uma partitura para cada instrumento, então vinha partitura para toda a orquestra: bateria, contrabaixo, guitarra, piano, saxofone, trompete, violão, etc. Era só distribuir, ensaiar e tocar.
Teresa Cristina: Concluindo a entrevista, o Clube Cairo representou para os cidadãos de Araguari, um espaço que ao mesmo tempo era político, social, familiar, de lazer e onde muitas pessoas guardam boas lembranças. O lugar era um lugar “iluminado” como disse meu amigo Nocera. O lugar era para a finalidade de dança, não havia maldade nenhuma. E para quem não sabia dançar tinham as aulas de dança de salão de segunda a sexta a noite no Cairo. O tango era o preferido das aulas. Com certeza fez parte da história de muitos araguarinos que guardam com saudade a lembranças de suas festas alegres e saudáveis. Agradeço as preciosas informações e lembranças que o meu amigo, professor e músico admirável, Ronaldo Nocera, que compartilhou conosco nessa entrevista todas essas boas recordações.
Lembramos que dois netos de Nocera herdaram sua musicalidade, Ricardo Nocera, que é saxofonista e Rafael Nocera, saxofonista, que é filho de Ronaldo Ivo Nocera..
Fica aqui o convite para as pessoas que vivenciaram esta época, que tenham fotos e recordações, registrem aqui neste espaço, para podermos enriquecer nossa história.
Sendo só, agradeço a todos.
Teresa Cristina de Paiva Montes Cunha
Pesquisadora
Comentários
Parabens!!!!
Randal.
Parabéns pelo trabalho de muito boa qualidade. Abraço. Natal
Quero parabenizá-la pela reportagem sobre o "CAIRO" ,e dizer tbm que o primeiro Baile de Debutantes de Araguari no qual eu participei junto com outras jovens foi no Cairo e foi organizado por Anita Nader,Isso,em 1963,e foi belíssimo sendo a festa do ano.Um abraço!
HELOIS GUIMARAES SURIAN
Tenho muito interesse sobre a história de Araguari. Esta entrevista, em especial, me chamou a atenção pelas referências feitas ao Presidente Juscelino Kubitschek e ao Mário Nunes.
Repassei as referências a JK para o historiador Ronaldo Costa Couto, que tem importante obra sobre o ex-Presidente. Aliás, ele me deu uma idéia que estou lhe repassando: falta resgatar a história do vínculo de JK com Araguari (ele tinha parentes aí). É um tema interessante para ser abordado.
Quanto ao Mário Nunes, concordo plenamente com o Natal. Não podemos perder essa oportunidade de colocar no papel a história desse senhor extremamente carismático e, sobretudo, apaixonado por Araguari. Causos e mais causos bons poderão ser conhecidos a partir desse trabalho.
Abraços.
A respeito do Mário Nunes, em 2002, quando comecei minhas pesquisas de resgate de Araguari, ele me contou que tinha doado grande parte de suas fotos para o arquivo público. Lembro-me também que ele concedeu uma entrevista para um programa de televisão de Uberlândia, temos que encontrar essa relíquia. abraços.
O passado não é uma nuvem distante e quase invisível a se desmanchar no vento dos tempos, mas a própria essência que fortalece o chão que pisamos hoje e a energia para seguir contruindo o amanhã.
Muito bonito seu trabalho de resgate histórico.
Abraço / Pedro
postado por Mariaci Nunes